Publicado em: 03/04/2020 13:00:38
Proposições de atividades, ações e procedimentos para diminuir os impactos do covid-19 no Estado de Rondônia- Artur de Souza Moret- amoret@unir.br- Coordenador do Grupo de Pesquisa Energia Renovável Sustentável- GPERSS
Proposições de atividades, ações e procedimentos para diminuir os impactos do covid-19 no Estado de Rondônia
Artur de Souza Moret- amoret@unir.br
Coordenador do Grupo de Pesquisa Energia Renovável Sustentável- GPERS
Considerando a urgência da pandemia de coronavírus que se abate no mundo e no Brasil, e em Rondônia é um caso singular, torna-se importante a união das forças que compões a sociedade para buscar soluções visando minimizar as consequências da covid-19. O assunto impõe soluções complexas que estão além da especificidade médica (mesmo que esta questão seja uma questão fundamental), assim outras especialidades podem e devem contribuir com a proposição de soluções e é neste caminho que o Grupo de Pesquisa Energia Renovável Sustentável propõe este texto.
A situação atual demonstra que o Estado de Rondônia, pelos dados oficiais, não tem muitos infectados e mortos, entretanto é um caso atípico do que aconteceu em outros locais, portanto aguarda-se que o número de infectados tenha valores aumentados nas próximas semanas com maior testagem e resultados de testes. O comportamento das pandemias é conhecido pela Ciência e que o processo de contaminação tem comportamentos parecidos em todos os locais onde ocorrem.
As atividades, ações e procedimentos deste texto tem como referência os artigos “Uma visão prévia sobre o crescimento da contaminação do covid-19: as condições implantadas e os cenários para o Estado de Rondônia”i perpassando pelas contribuições dos textos “Globalização Perversa da COVID-19”ii e de “Análise preliminar”iii que tratam da questão das contaminações no Estado de Rondônia
A partir do cenário de Rondônia, surgem três questões principais da implantação de ações de maneira celeradas, porque o desafio que se impõe é de contaminações e mortes:
1- Monitoramento: não há monitoramento porque não há testes e informações organizadas;
2- Reorganização do sistema de saúde e principalmente os hospitais: as contaminações crescerão e mais pacientes necessitarão de leitos;
3- insumos e equipamentos: há falta de insumos e equipamentos que são fundamentais em curto espaço de tempo.
A partir destes indicadores se propõe atividades, ações e procedimentos que devem ser implementados de maneira emergencial, para diminuir vetores de contaminação, tratar os pacientes, não sobrecarregar o sistema de saúde e, sobretudo, diminuir as mortes no Estado de Rondônia.
Destaca-se que todas as atividades, ações e procedimentos propostos tem como referência a seguinte questão: quanto menor contato com vetores de contaminação do coronavírus menores serão as consequências, como destacado no texto deJoshua D. Rabinowitz e Caroline R. Bartman: “These Coronavirus Exposures Might Be the Most Dangerous”iv.
Este texto tem uma grande limitação por não apresentar as prioridades de execução e, tampouco, indicar quais instâncias federativas ou órgãos (Federal, Estadual ou Municipal) devem se encarregar da execução das proposições, entretanto, é importante destacar que o papel de implementar ações é especificamente do Poder Público. Por outro lado, esta contribuição pode ser relevante porque reflete pontos que são resultados da reflexão de um ente que não está nas instâncias de execução e por esta razão pode ter um olhar mais isento.
Quadro 01: Atividades, ações e procedimentos para minimizar os efeitos da covid-19 no Estado de Rondônia |
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Características do cenário de Rondônia |
Qual o problema? |
O que fazer |
Baixo monitoramento dos infectados |
Os infectados, mesmo aqueles assintomáticos, são vetores de propagação do vírus |
- Construir banco de dados* para monitoramento - Construir o banco de dados a partir das informações de médicos, de dentistas, do PSF, das secretarias de saúde estadual e municipais - Fazer monitoramento do isolamento e da movimentação dos infectados, dos grupos de risco, através de monitoramento eletrônico |
Quantidade de infectados é baixa |
É possível que seja por sub-notificação Há falta de kits para testagem |
- Importar kits de testagem dos países com capacidade e que não estejam mais com o coronavírus - Adquirir no Brasil e no exterior de kits de testagem rápida, mesmo sem homologação porque já foi flexibilizado pela ANVISA - Aumentar o número de testagem (RT-PCR- detecta material genético do Sars-Cov-2 e o rápido- medem anticorpos) para controlar infectados e aqueles que tiveram contato - Capacitar pessoal para fazer testes e definir laboratório de referência para os testes - Fazer distribuição em massa de máscaras para diminuir contágios - Viabilizar e instalar fábrica de máscaras e luvas em RO; em Chapuri/Acre tem uma fábrica de latex - Viabilizar a construção de respiradores em Rondônia- há empresas com capacidade para essa produção |
No momento de maiores sintomas a rede de saúde pode colapsar |
O sistema de saúde, público e privado, com demanda maior do que a capacidade de atendimento trás problemas sérios para quem tem o vírus e para outros pacientes. |
- Reorganizar o sistemas de saúde público e privado visando priorizar atendimentos de contaminados e os atendimentos eletivos devem ser transferidos - Implantar hospitais para atendimento apenas de infectados em coronavírus - Adaptar os hospitais para centro especializados e/ou UTI - Construir hospital de campanha para atendimento de outros atendimentos que não o coronavírus para desafogar o atendimento na rede para o cornonavírus - Construir hospital de campanha com UTI nos locais que tenha incidência e não tenha hospital da rede para atendimento. |
Falta de EPI para equipes médicas |
Os trabalhadores da saúde são muito vulneráveis, portanto precisam de EPI, em alguns países chegou 15% o total de infectados. |
- Importar equipamentos de EPI (china, Coreia do Sul) de locais que tem capacidade instalada e não tenha mais a pandemia - Distribuir EPI em todos os centros médicos para minimizar contaminações |
Não há UTI para a demanda de pico da pandemia |
Na demanda de pico de infectados, muitos estarão com sintomas mais graves e precisarão de UTI e outros tantos com ventiladores pulmonares |
- Fazer reorganização de UTI nos locais de maior incidência - Implantar uma dinâmica de deslocamento de pacientes para os locais que haja disponibilidade de UTI - Adquirir ou emprestar UTI no exterior de locais que já tenham se desmobilizado pela diminuição da pandemia. - Construir hospital de campanha com UTI nos locais que tenha incidência e não tenha hospital da rede para atendimento. |
Habitações com adensamento excessivo, que normalmente estão em áreas vulneráveis |
Uma quantidade maior de pessoas nas residências introduz maiores possibilidades de contaminação, seja porque não há como fazer isolamento, seja porque se houver contaminação haverá de todos os outros. |
- O programa PSF conhece todos locais em RO e por isso sabem quais são os locais de maior vulnerabilidade, por exemplo, onde haja pessoa (s) do grupo de risco. As pessoas de risco devem ser retiradas para locais que possam estar em isolamento social: alugar hoteis para acomodar estas pessoas - Fazer distribuição de kits de higiene pessoal, sabão e álcool gel - Fazer higienização nas habitações e nos espaços públicos |
Áreas vulneráveis de RO |
A movimentação de pessoas é grande e também por questões econômicas não há possibilidade de adquirir produtos de higiene, bem como muitos locais não tem água |
- Fazer higienização nas habitações e dos espaços públicos em todas as áreas da cidade, priorizando as periferias - Distribuir produtos de higiene: sabão e álcool gel - Distribuir água potável para aumentar a higienização - Retirar das áreas vulneráveis aqueles pertencentes ao grupo de risco e colocar em hoteis todos aqueles que tiverem em condições de vulnerabilidade |
Moradores de rua |
São potenciais infectados e com risco de morte, ocasionado por falta de trtamento de saúde, de drogadição, de fome e de higienização |
- Retirar da rua e levar para hoteis - Caso não seja possível alocar em hoteis distribuir kits de higienização: água, sabão e álcool gel (é necessário ter cuidado para não ter ingestão) - Distribuir kits de alimentação - Fazer atendimento médico para minimizar problemas de saúde |
Alta morbidade de doenças respiratórias |
A covid-19 ataca o sistema respiratório e nos casos de pacientes com doenças respiratórias os sintomas pioraram muito |
- Detectar onde estão estas pessoas para implantar um sistema eficaz de isolamento, caso estejam em situação de vulnerabilidade colocar em hoteis. |
Alta taxa de acometidos por cancer, imunosuprimidos e grupo de risco |
A covid-19 produz sintomas graves no grupo de risco |
- Usar banco de dados visando acessar as pessoas do grupo de risco para monitorar o isolamento - Se o grupo estiver em situação de vulnerabiliadde colocar em hoteis. |
Vacinação contra a influenza |
Ação importante para que não haja confusão entre as duas doenças |
- Usar a campanha de vacinação para visitar os locais que tenham pessoas do grupo de risco - No momento da vacinação fazer um pequeno questionário para detectar alguma situação ou sintomas no entorno daquela pessoa e repassar para o banco de dados de monitoramento - Levar a vacinação para a periferia - O PSF deve levar vacinação e pode detectar situações de risco e acionar o monitoramento. |
* O banco de dados com monitoramento eletrônico de localização pelo celular. A composição do banco de dados deve conter: infectados assintomáticos e sintomáticos, todos aqueles que tiveram contato; grupos de risco; testados com teste rápido e com teste RT-PCR.
i Artur de Souza Moret. “Uma visão prévia sobre o crescimento da contaminação do covid-19: as condições implantadas e os cenários para o Estado de Rondônia”. http://www.coronavirus.unir.br/noticia/exibir/10944
ii Maria Madalena de Aguiar Cavalcante. “Globalização Perversa da COVID-19”, disponível no link: http://www.coronavirus.unir.br/uploads/81688986/arquivos/nota%20site%20a%20globalizao%20perversa%20do%20covid%2019.pdf
iii Ana Lúcia Escobar. “Análise preliminar”. disponível em: http://www.coronavirus.unir.br/uploads/81688986/ESCOBAR/analise%20preliminar.pdf
iv Joshua D. Rabinowitz e Caroline R. Bartman. “These Coronavirus Exposures Might Be the Most Dangerous”, disponível no link a seguir:https://www.nytimes.com/2020/04/01/opinion/coronavirus-viral-dose.html?referringSource=articleShare
Fonte: GPERS